Na
cidade do Rio de Janeiro, no ano 2.000, viviam mais de 16 mil índios, segundo
dados do Censo do IBGE. O Rio é a quarta cidade do Brasil em população
indígena. No entanto, os índios permanecem invisíveis aos olhos do carioca. O
olhar da fotógrafa Kátia Carvalho nos mostra, neste trabalho, alguns índios
que vivem ou que passaram por aqui.
Quem
quer conhecer melhor o Brasil e os brasileiros deve procurar saber quem são os
índios e observar as formas como a sociedade nacional vem se relacionando com
eles, porque através desse relacionamento nós nos revelamos e o nosso país
mostra sua cara. As culturas indígenas constituem, assim, um indicador
extremamente sensível para avaliar a natureza e o caráter da sociedade que
entra em contato com elas. Desta forma, estudar o índio não é apenas procurar
conhecer o “outro”, o “diferente”, mas implica conduzir as indagações e
reflexões sobre a própria sociedade em que vivemos.
As
instituições sociais que trabalham com essa questão - escola, universidade,
mídia, museu, biblioteca, arquivo, igrejas, sindicatos, partidos políticos –
nem sempre reconhecem a contribuição das culturas indígenas para a formação da
nação brasileira. Construiu-se uma imagem bastante negativa dos povos
indígenas, apresentados ora como amostras vivas de um estágio primitivo da
evolução humana, ora como seres do passado que se opõem à modernidade, ou ainda
como obstáculos ao progresso, no papel de ocupadores ociosos de vasta extensão
de terras que poderiam ser aproveitadas para produzir riquezas. Os índios, com
muita frequência, são considerados como povos condenados a desaparecer. Por
isso, é oportuno reavaliar essa imagem, discutir as formas de relacionamento
com as culturas indígenas e refletir sobre o papel delas no presente e no
futuro do País. A Exposição Fotográfica Indígenas no Rio de Janeiro nos dá elementos para isso.
José Ribamar Bessa Freire, coordenador
do ProIndio da UERJ